terça-feira, 1 de março de 2011

ARTIGO


Secretária Vilhena: Power point e falta de cronômetro
salvou ela de uma possível saia justa


Audiência Pública sobre Lei Delegada na Assembléia de Minas frustrou até o mais otimista
Ausência do relógio facilitou o trabalho de blindagem da base aliada do governo

Cláudio Vilaça

Como bem se expressou nossa autêntica e legítima liderança, presidenta do Sindi-Ute, a professora Beatriz Cerqueira, qualquer espaço público - mesmo o mais ambientado em sentimentos que nos remete a hipocrisia, a falsidade e a falácia – ainda é ambiente válido para manifestação da democracia. Concordo, mas com algumas ressalvas. Tenho que admitir com todo sentimento de isenção que foi pifia e reticente a participação da Secretária de Planejamento do Estado Renata Vilhena na ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Minas, hoje dia 01 de março de 2011. O evento que deveria ser uma audiência pública com a participação de parlamentares, servidores públicos, aposentados e lideranças sindicais, na verdade virou um prospecto publicitário do propalado e falso "Choque de Gestão". A mídia nativa e adesista, presente, mas sempre invisível. O pedido de esclarecimentos foi agendado depois de aprovado um requerimento do deputado Rogério Corrêa (PT), que anda muito preocupado com a ingerência do governo no poder legislativo, e a repercussão negativa que isso vem causando na imagem do parlamento mineiro junto a sociedade mineira.
O tema era polêmico: 136 delegações que o poder legislativo concedeu ao governo do Estado no período de 2003 a 2011. As explicações seriam a resultante obtida a partir das delegações concedidas pela maioria de um apático parlamento mineiro. Este, além de apático, agiu de forma subserviente ao governo, numa clara tipificação do mais autêntico absolutismo monárquico da era medieval das trevas. Mas estes políticos, como se sabe, não tem obrigações com um eleitorado d-e-s-p-o-l-i-t-i-z-a-d-o.
Fatos curiosos (na melhor concepção do samba do crioulo doido) chamaram a atenção do público presente, entre os quais, a tentativa do governo de explicar que a criação (e contratação) – via lei delegada - de mais de 1300 cargos de recrutamento amplo não afetaria as metas de corte de gastos públicos com folha de pagamento, exigência da "Lei de Responsabilidade Fiscal" e um dos principais pilares do plano de governança da cartilha neoliberal tucana."Aos amigos tudo, aos inimigos a lei", já dizia o dito ditatorial.
O presidente da Comissão de Administração Pública, deputado Oscar Corrêa Jr., que também integra o bloco da base aliada do governador Anastasia, agiu como uma espécie de arbitro de partida de futebol às avessas. Deve ter aprendido a técnica do ofício na sua passagem pela Secretaria de Esportes de Aécio. O parlamentar já sabendo que não seria fácil conter os ânimos da platéia, de forma maquiavélica e astuta não cronometrou o tempo necessário de cada intervenção feita pelos debatedores, como resultado: a reunião não poderia ultrapassar o tempo regimental de 04 horas, e no final o governo monopolizou a fala. Não houve réplicas, tréplicas, e curiosamente no parlamento quem mais falou não foram os “donos da casa”, nem sindicalistas e muito menos o público, mas a Super Secretária Renata Vilhena, que se limitou (talvez pela sua própria limitação intelectual) a uma exposição pedagógica (com licença e respeito ao termo), prolixa, burocrática e enfadonha utilizando sessões de slides em power point, com demonstrativos de metas, objetivos, desafios, prazos, enfim, neologismos da moderna sociologia neoliberal das organizações.
No final, lá pelas 13:53 e já de estomâgos vazios, bateu no corpo presente a velha sensação de desânimo e frustração. Sindicalistas, aposentados e servidores públicos acordaram cedo, saíram de suas casas, tomaram sua condução, se deslocaram até Assembléia Legislativa para que pontualmente as 10 horas da manhã pudessem participar de um debate político no mínimo, digamos, mais democrático. Mas, como disse sabiamente e de forma muito otimista uma iderança sindical presente: "Fomos derrotados aqui, mas ainda nos restam as ruas, e estas, o governo não pode conter!", fazendo uma clara e rápida menção ao corajoso povo Líbio e Egipcio.
Em tempo: Esse mesmo governo disse hoje que pretende ampliar o debate público de suas políticas de governo com a sociedade.


créditos da foto: arquivo ALMG

Nenhum comentário: