quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Juiz Fausto Martin De Sanctis lança livro hoje em BH
Fausto Martin De Sanctis chamou a atenção do país ao mandar prender os banqueiros Edemar Cid Ferreira e Daniel Dantas. Em 2008, como titular da 6ª Vara Criminal de São Paulo, ganhou as manchetes por peitar o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que determinou a libertação de Dantas. O juiz determinou novamente a prisão do dono do grupo Opportunity, acusado de corrupção ativa. O banqueiro baiano só deixou a cadeia pela segunda vez graças a nova decisão de Mendes.
Dois anos depois da polêmica, De Sanctis, de 46 anos, lançou o romance Xeque-mate (Gol Editora). Amanhã, virá a BH autografá-lo. E garante: o protagonista, magistrado Fernando Montoya Di Sorrento, não é seu alter ego, embora tenham as mesmas iniciais. Seu desejo é mostrar as tensões, angústias e os dramas de um juiz.
Xeque-mate não é ficção para advogados, promotores e delegados, mas para todo tipo de leitor, garante o autor. Ele jura: o magistrado Fausto não reprimiu o Fausto romancista, impondo-lhe autocensura, caminhos a seguir ou a evitar. Garante que o escritor não é refém do juiz, mesmo se lhe vierem à cabeça cenas delicadas – como sexo, por exemplo. “Sexualidade é algo muito importante para as pessoas. O problema é retratar as coisas no tom exato da história”, explica.
Em Xeque-mate, Di Sorrento se angustia diante de desafios comuns a todos os mortais: sofre ao tomar decisões erradas, enfrenta o desgaste do casamento, tenta suportar pressões inerentes à vida profissional e lida com o ciúme. Na hora do aperto, abre a Bíblia.
“Sinto que há a necessidade de se compreender melhor a atividade judicial, as tensões e angústias de um juiz. Ele está sujeito a errar. Pouco se sabe dos dramas pessoais deste homem”, afirma De Sanctis.
LÓGICA Admirador de Machado de Assis, fã do clássico O processo, de Franz Kafka, e aluno CDF de colégio público, o autor de Xeque-mate rejeita, de cara, a pecha de “capitão Nascimento do Judiciário” por suas decisões corajosas envolvendo banqueiros e o ex-presidente do Supremo. Diz que julga todos os casos da mesma forma e sempre procura agir cuidadosamente, sem afogadilhos. “Prezo a lógica”, resume.
De Sanctis confessa: fica até incomodado com o pedestal em que, às vezes, o colocam. “Não posso perder o chão. Cobro-me muito, a maior cobrança vem de mim. Não acredito em heróis. O importante é o trabalho benfeito, é o juiz dar tudo de si”, afirma.
Mas, onde fica a vaidade, tão amiga dos escritores? Conviver com ela é um exercício. De Sanctis revela que, semana passada, experimentou um dos momentos mais gratificantes de sua carreira. Durante audiência com quatro acusados, levantou-se a possibilidade de o caso passar para outro colega. Três réus solicitaram, encarecidamente, para que não deixasse o caso, pois querem ser julgados por ele. “É a maior gratidão que um juiz pode receber”, confidencia.
XEQUE-MATE
De Fausto De Sanctis
Gol Editora, 187 páginas, R$ 39,90
Lançamento amanhã, às 18h30.
Livraria Mineiriana, Rua Paraíba, 1.419, Savassi, (31) 3223-8092.
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